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Bufões: a história do fenômeno da bufonaria e suas características musicais.

Os bufões são curandeiros e intérpretes de canções rituais que permaneceram após o Batismo da Rus por Vladimir. Eles vagavam por cidades e vilas e cantavam antigas canções pagãs, sabiam muito sobre bruxaria e eram atores divertidos. Ocasionalmente, podiam curar os enfermos, dar bons conselhos e também entreter o povo com canções, danças e piadas.

Nos monumentos literários do século XI, já há menção aos bufões como pessoas que combinavam as qualidades de representantes da atividade artística como cantores, músicos, atores, dançarinos, contadores de histórias, acrobatas, mágicos, brincalhões e atores dramáticos.

Os bufões usavam instrumentos folclóricos como flautas duplas, pandeiros e harpas, flautas de madeira e flauta de Pã. Mas o principal instrumento dos bufões são os gusli, porque são retratados em vários monumentos históricos no contexto da criatividade musical e bufônica, por exemplo, em afrescos, em miniaturas de livros, e também cantados em épicos.

Juntamente com o gusli, era frequentemente utilizado um instrumento autêntico denominado “bip”, que consistia numa caixa de ressonância em forma de pêra; o instrumento tinha 3 cordas, duas das quais eram cordas bourdon, e uma tocava a melodia. Os bufões também tocavam bicos – flautas de apito longitudinal. É interessante que fungadas e harpas na literatura russa antiga eram frequentemente contrastadas com uma trombeta, que era usada para reunir guerreiros para a batalha.

Além dos bufões, ao lado da harpa, também foi mencionada a imagem de um velho grisalho (muitas vezes cego), que cantava épicos e contos de feitos passados, façanhas, glória e o divino. É sabido que existiam tais cantores em Veliky Novgorod e Kiev – os épicos de Kiev e Novgorod chegaram até nós.

Paralelo entre movimentos musicais e sagrados europeus

Semelhante aos bufões, havia músicos e cantores em outros países – estes eram malabaristas, rapsodistas, shpilmans, bardos e muitos outros.

Os celtas tinham um estrato social – bardos, eram cantores de lendas e mitos antigos, pessoas que conheciam segredos e eram reverenciados por outros, pois eram considerados mensageiros dos deuses. Um bardo é o primeiro de três passos para se tornar um druida, o nível mais alto da hierarquia espiritual. O elo intermediário eram os filos, que também eram cantores (segundo algumas fontes), mas tiveram grande participação na vida pública e no desenvolvimento do estado.

Os escandinavos tinham skalds que tinham grande poder de queimar o coração das pessoas com verbos e música, mas a música não era a sua ocupação principal, eles cultivavam os campos, lutavam e viviam como pessoas comuns.

A tradição decadente da bufonaria

A igreja perseguiu ativamente os bufões e seus instrumentos musicais foram queimados na fogueira. Para a igreja, eles eram bandidos, relíquias da velha fé que precisavam ser eliminados como ervas daninhas, por isso os bufões foram perseguidos e fisicamente destruídos pelo clero ortodoxo.

Após certas medidas punitivas, os músicos pagãos foram completamente exterminados, mas ainda temos canções que foram transmitidas oralmente, ainda temos lendas e imagens de divertidos guslars. Quem eram eles realmente? – Não sabemos, mas o principal é que graças a esses cantores ainda temos grãos de memória sagrada.


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