A ópera “Don Giovanni” é uma obra-prima eterna
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A ópera “Don Giovanni” é uma obra-prima eterna

Os grandes mestres acreditavam que a música era apenas uma imitação do canto humano. Nesse caso, qualquer obra-prima empalidece em comparação com uma canção de ninar comum. Mas quando os vocais vêm à tona, esta já é a arte mais elevada. Aqui o gênio de Mozart não conhece igual.

A ópera “Don Giovanni” é uma obra-prima eterna

Wolfgang Mozart escreveu suas óperas mais famosas durante um período em que a capacidade do compositor de preencher a música com seus sentimentos estava no auge, e em Don Giovanni essa arte atingiu seu ápice.

Base literária

Não está totalmente claro de onde veio a história do galã fatal no folclore europeu. Durante vários séculos, a imagem de Don Juan vagou de uma obra para outra. Tal popularidade sugere que a história do sedutor aborda experiências humanas que independem da época.

Para a ópera, Da Ponte reelaborou uma versão publicada anteriormente de Don Giovanni (autoria atribuída a Bertati). Alguns personagens foram retirados, tornando os demais mais expressivos. O papel de Donna Anna, que Bertati apareceu apenas no início, foi ampliado. Os pesquisadores acreditam que foi Mozart quem fez desse papel um dos principais.

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A imagem de Dom Juan

O enredo sobre o qual Mozart escreveu a música é bastante tradicional; era bem conhecido do público da época. Aqui Don Juan é um canalha, culpado não só de seduzir mulheres inocentes, mas também de assassinato e de muitos enganos, através dos quais atrai mulheres para suas redes.

Por outro lado, ao longo de toda a ação, o personagem principal nunca toma posse de nenhuma das pretendidas vítimas. Entre os personagens há uma mulher enganada e abandonada por ele (no passado). Ela segue incansavelmente Don Giovanni, salvando Zerlina e depois chamando seu ex-amante ao arrependimento.

A sede de vida em Don Juan é enorme, seu espírito não se envergonha de nada, varrendo tudo em seu caminho. O caráter do personagem é revelado de uma forma interessante – na interação com outros personagens da ópera. Pode até parecer ao espectador que isso acontece por acaso, mas essa é a intenção dos autores.

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Interpretação religiosa da trama

A ideia principal é sobre a retribuição pelo pecado. O catolicismo condena especialmente os pecados carnais; o corpo é considerado a fonte do vício.

A influência que a religião teve na sociedade há apenas cem anos não deve ser subestimada. O que podemos dizer sobre a época em que viveu Mozart? O desafio aberto aos valores tradicionais, a facilidade com que Don Juan passa de um hobby para outro, a sua insolência e arrogância – tudo isto foi considerado um pecado.

Somente nas últimas décadas este tipo de comportamento começou a ser imposto aos jovens como um modelo, até mesmo uma espécie de heroísmo. Mas na religião cristã tal coisa não é apenas condenada, mas também digna de tormento eterno. Não é tanto o “mau” comportamento em si, mas a falta de vontade de abandoná-lo. É exatamente isso que Don Juan demonstra no último ato.

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Imagens femininas

Donna Anna é um exemplo de mulher forte e motivada pela vingança pela morte do pai. Lutando por sua honra, ela se torna uma verdadeira guerreira. Mas então ela parece esquecer que o vilão tentou levá-la à força. Donna Anna se lembra apenas da morte de seus pais. A rigor, naquela época tal assassinato não era considerado digno de julgamento, pois dois nobres lutaram em luta aberta.

Alguns autores têm uma versão segundo a qual Don Juan realmente possuía Donna Anna, mas a maioria dos pesquisadores não a apóia.

Zerlina é uma noiva de aldeia, simples mas apaixonada por natureza. Este é o personagem mais próximo do personagem principal do personagem. Levada por discursos doces, ela quase se entrega ao sedutor. Então ela também esquece tudo facilmente, encontrando-se novamente ao lado do noivo, aguardando humildemente o castigo de sua mão.

Elvira é a paixão abandonada de Don Juan, com quem ele se comunica antes de conhecer o Convidado de Pedra. A tentativa desesperada de Elvira de salvar o seu amante continua infrutífera. As partes desse personagem estão cheias de emoções fortes que exigem talento especial.

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A final

A aparência do Comandante, que parece martelar suas falas enquanto fica imóvel no meio do palco, parece verdadeiramente assustadora para os participantes da ação. O servo fica tão perturbado que tenta se esconder debaixo da mesa. Mas seu dono aceita corajosamente o desafio. Embora logo perceba que está diante de uma força irresistível, ele não recua.

É interessante como diferentes diretores abordam a apresentação de toda a ópera em geral e do final em particular. Alguns usam ao máximo os efeitos de palco, potencializando o efeito da música. Mas alguns diretores deixam os personagens sem figurinos particularmente luxuosos, usam um cenário mínimo, dando o primeiro lugar aos artistas e à orquestra.

Depois que o personagem principal cai no submundo, seus perseguidores aparecem e percebem que a retribuição foi cumprida.

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Características gerais da ópera

O autor elevou o componente dramático desta obra a um novo nível. Mozart está longe de ser moralizador ou bufoneiro. Apesar de o personagem principal cometer coisas feias, é simplesmente impossível permanecer indiferente a ele.

Os conjuntos são especialmente fortes e podem ser ouvidos com bastante frequência. Embora uma ópera de três horas exija um esforço significativo do ouvinte moderno e despreparado, isso está relacionado, antes, não com as peculiaridades da forma operística, mas com a intensidade das paixões com as quais a música é “carregada”.

Assista à ópera de Mozart – Don Giovanni

V.А. Моцарт. Don Juan. Sobreviver.

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