Ângela Gheorghiu |
cantores

Ângela Gheorghiu |

Ângela Gheorghiu

Data de nascimento
07.09.1965
Profissão
cantor
Tipo de voz
soprano
País
Roménia
Autor
Irina Sorokina

O triunfo de Angela Georgiou no filme “Tosca”

Ângela Georgiou é linda. Possui magnetismo no palco. Assim, uma das rainhas do bel canto agora virou atriz de cinema. No filme-colosso baseado na ópera de Puccini, assinada pelo nome de Benoit Jacot.*

A cantora romena habilmente “vende” sua própria imagem. Ela canta, e a máquina publicitária pensa em compará-la com a “divina” Kallas. Não há dúvida – ela tem uma técnica vocal “de ferro”. Interpreta a famosa ária “Vissi d'arte” com o devido impulso de sentimento, mas sem exageros num estilo verístico; na forma como trata as páginas de Rossini e Donizetti, com o justo equilíbrio entre a estética do sentir e a condescendência com os modelos de gosto neoclássico.

Mas o lado mais forte do talento de Angela Georgiou é atuar. Isso é bem conhecido por seus numerosos admiradores – os frequentadores de Covent Garden. Na França, é um enorme sucesso, esgotado em videocassetes.

O destino desta Tosca, felizmente, não é como o destino de muitas óperas transferidas para a tela do cinema. Este filme parece distinguir-se por uma novidade estética: um requintado compromisso entre o espírito do cinema e o espírito da ópera.

Riccardo Lenzi conversa com Angela Georgiou.

– A rodagem do filme “Tosca” tornou-se um facto inesquecível da sua vida, Sra. Georgiou?

– Sem dúvida, trabalhar nessa Tosca foi muito diferente de trabalhar no teatro. É desprovido daquela aura típica que não permite que você cometa um erro. Uma situação de acordo com o provérbio “ou faz ou quebra”: a vantagem exclusiva dos “animais de palco”, aos quais pertenço. Mas este trabalho também significa atingir um objetivo para mim.

Acho que graças ao cinema, a ópera pode ser descoberta e apreciada pelas mais amplas massas de público. No entanto, sempre gostei de filmes de ópera. Não me refiro apenas a obras-primas reconhecidas como Don Juan de Joseph Losey ou Flauta Mágica de Ingmar Bergman. Entre as versões cinematográficas que me fascinaram desde a minha juventude estavam as populares adaptações cinematográficas de óperas protagonizadas por sua Sophia Loren ou Gina Lollobrigida, que se limitavam a imitar as prima donnas.

– Como muda a interpretação cênica na hora de fixá-la no filme?

— Naturalmente, os close-ups tornam óbvias as expressões faciais e os sentimentos, que no teatro podem passar despercebidos. Quanto ao problema do timing, o disparo, para conseguir uma perfeita correspondência entre a imagem e o vocal, pode ser repetido várias vezes, mas, na verdade, a voz deve ser expelida da garganta da mesma forma, de acordo com a pontuação. Em seguida, coube ao diretor implementar combinações de close-ups, flashbacks, filmagem de cima e outras técnicas de edição.

Quão difícil foi para você se tornar uma estrela da ópera?

– Todos que estavam ao meu lado invariavelmente me ajudaram. Meus pais, amigos, professores, meu marido. Eles me deram a oportunidade de pensar apenas em cantar. É um luxo impensável poder esquecer as vítimas e expressar melhor suas habilidades, o que posteriormente se transforma em arte. Depois disso, você entra em contato direto com “seu” público, e então a consciência de que você é uma prima donna desaparece em segundo plano. Quando interpreto a saudade, tenho plena consciência de que todas as mulheres se identificam comigo.

– Qual é a sua relação com seu marido, o famoso tenor franco-siciliano Roberto Alagna? “Dois galos em um galinheiro”: você já pisou no calo um do outro?

No final, transformamos tudo em vantagem. Você pode imaginar o que significa estudar o cravo em casa, tendo à sua disposição um dos melhores – não, o melhor cantor do palco da ópera mundial? Sabemos enfatizar os méritos um do outro, e cada uma de suas observações críticas para mim é uma ocasião para uma introspecção implacável. É como se a pessoa que eu amo não fosse apenas Roberto, mas também um personagem de ópera: Romeu, Alfred e Cavaradossi ao mesmo tempo.

Observações:

* Tosca estreou no ano passado no Festival de Cinema de Veneza. Veja também a resenha da gravação de “Tosca”, que serviu de base para a trilha sonora do filme, na seção “Áudio e Vídeo” de nossa revista. ** Foi neste teatro que em 1994 aconteceu o triunfante “nascimento” de uma nova estrela na famosa produção de “La Traviata” de G. Solti.

Entrevista com Angela Georgiou publicada na revista L'Espresso em 10 de janeiro de 2002. Tradução do italiano por Irina Sorokina

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